12 de julho de 2010

Bouchra Jarrar F/W 2010

Quando se trata de uma semana de moda de alta costura, sempre esperamos pompa, silhuetas extravagantes e montes de aplicações. Logo, quando vemos um desfile como o de Bouchra Jarrar é impossível não se questionar por que algo tão "mínimo" tomou a passarela de uma semana de moda onde o que reina é a opulência:

Jarrar, que foi braço-direito de Ghesquiére por quase 10 anos na Balenciaga, tomou um viés bem mais RTW em sua primeira coleção couture, fazendo com que o desfile parecesse meio deslocado frente aos anteriores.
Porém não é sem mérito que alguém desfila uma coleção na semana de moda mais tradicional do mundo. Há de se levar em conta que, com roupas sem tantas camadas, aplicações, mangas, bordados e cores, qualquer falha na roupa saltaria aos olhos. O que não ocorreu. Vejo então esse desfile como uma afirmação da capacidade(pelo menos técnica) que a estilista possui, mostrando para os espectadores que ela merece estar ali.


Fotos via [Style.com]

Christian Dior F/W 2010

Confesso que não sou o maior fã das criações de Galliano na haute couture, o clima bordoir/pinup/ditavonteese parece oprimir qualquer outra possibilidade de interpretação do desfile. Opinião essa que, com a coleção desta temporada, terei que rever.

O tema  é bem fácil de perceber: flores. À primeira vista parece uma escolha muito equivocada para se apresentar num desfile outono/inverno, uma vez que geralmente tais desfiles optam por uma paleta de cores mais bem compotada.
Mas, fugindo do clichê de usar as flores como meras estampas, ou decorações, Galliano as constrói através de camadas, formas, cores e texturas. O próprio disse que teve como ponto de partida a saia-tulipa(criação de Dior), e estudos de flores.

O mais interessante é que, mesmo com um tema tão batido, a coleção saiu do lugar-comum das referências florais colocadas literalmente nas roupas. Isso é fácil de perceber quando, olhando todos os looks, não encontramos um onde alguma flor seja colocada sem adaptação, sem uma análise.  E não apenas na roupa, mas também nos sapatos( que remetiam às hastes das flores), e no plástico envolvendo a cabeça das modelos como um buquê de flores, criação do chapeleiro londrino Stephen Jones.

Fotos via [Style.com]

Chanel F/W 2010

O desfile correu com uma gradação de tonalidades que passava de tons mais sóbrios até a aplicações em paetês que beiravam o barroco.  Barroco este que era em apropriado, uma vez que havia uma gigante estátua dourada de leão, com a pata em uma(tambem gigante) pérola.

No lugar dos LBD's, Lagerfeld usou saias de cintura alta na altura do joelho:

Porém a maior constante do desfile foram os braceletes, usados aos montes e ao mesmo tempo. Será que teremos um "braceletismo" vindo por ai?

Fotos via [Style.com]

11 de julho de 2010

Giorgio Armani Privé F/W 2010


Armani definiu a coleção dessa temporada como "um jogo com âmbar", resina-fóssil produzida por algumas árvores e que, mesmo não sendo uma gema, foi uma das primeiras "pedras" a servirem de adorno para o homem.Tal referência à resina é obviamente percebida na cartela de cores, passando por tons de marrom até o champagne tanto na roupa quanto na makeup e no cabelo:

É legal perceber que tem um pouco dessa relação pedra polida x pedra bruta nos looks também: misturas de tecidos e materiais, como  seda drapeada e lã compondo com peles de crocodilo, broches em madeira e metais. Broches esse que, de tão grandes, tiraram um pouco o clima "businesswoman workaholic", o que eu achei ótimo, diga-se de passagem.


Detalhes a parte foram as roupas desfiladas por Karmen Pedaru e Denisa Dvorakova:

No look desfilado por Pedaru a parte de fora da roupa parece "denunciar"  a parte interna, o que faz ser impossível não sentir uma vibe meio Margiela quando vemos.
Margiela Fall 2010

Já no  desfilado por Dvorakova, os paetês bordados a mão configuraram algo que, quando observado de perto, me lembraram o lago no "La Grenouillère" de Monet:

La Grenouillère, 1869 - Claude Monet

9 de julho de 2010

Alexis Mabille F/W 2010

Trabalhando com uma idéia de peças couture que possam integrar-se com peças prêt-à-portêr, Alexis Mabille parece tentar viabilizar sua haute couture como algo mais "acessível" para as clientes da marca. O resultado de tal desejo foi um tímido número de vestidos. Ao invés deles, saias e calças faziam papel de coadjuvante frente aos tops. Tal injustiça com a parte debaixo das roupas pode ser vista, principalmente, no top de um tom pêssego quase esmaecido, onde várias camadas de organza constroem uma nuvem de pétalas nas mangas.

Vale dizer também que, antes de ser desfilada, a coleção foi posta em exposição na confeitaria Angelina(da qual Alexis é frequentador assíduo), onde as pessoas puderam analisar formas e materiais de baneira bem mais detalhada.

E além disso, o próprio Mabille afirmou ao final do desfile que as peças encomendadas poderiam ser feitas sem tanto trabalho manual, deixando nas entrelinhas que as versões menos trabalhadas aumentariam o número de consumidoras. Agora resta saber se essa iniciativa é espontânea, ou se a grife está passando por maus momentos. Quem viver verá.

Fotos via [ Susan Tabak & Style.com]