11 de abril de 2011

Uma Austrália sem(tanto) sol

Gostaria de saber quem inventa esses clichês de senso comum. Não que eles sejam de todo ruim, condensar fatos e informações múltiplas para dar um veredito único, uma média, tem sua utilidade quando assume a parcialidade na qual é fundamentada. O ruim é quando essas médias, esses lugares-comuns delimitam aquilo que descrevem a ponto de muitas pessoas acreditarem que se trata somente daquilo.

Digo isso por minha recente experiência musical pros lados da Austrália: país que eu considerava, devido a tais considerações reducionistas, lugar de muita natureza, calor, praias e animais. Praticamente um Brasil, só que com cangurus.

Fora Kylie Minogue, Nick Cave e Bee Gees, a Austrália se apresentava para mim como uma grande vazio de boas produções musicais. Julgamento esse que, graças às minhas recentes incursões no last.fm, consegui modificar.

Além do demônio da tasmâna e do surf, a Austrália têm trazido produções musicais de ótima qualidade dentre as quais cito The Presets, Empire Of The Sun, Midnight Juggernauts e Ghostwoods. Sendo a última foi o verdadeiro motivo do presente post.

Acho que descobri Ghostwood no começo de 2009 e, fascinado pela atmosfera mais obscura de suas músicas, logo tratei de achar que eram pós-punks londrinos. Ledo engano.
Formado em 2006, o quarteto de Sydney gravou em 2007 o primeiro, e até então único, EP homônimo. Taxados à primeira vista de shoegazers, a banda parece vingar-se da denominação quando divulgou há algum tempo no Facebook suas duas novas faixas: Sunset Mirage e Cutlass. De debochado à brincalhão e sem propósito, os videos dessas duas faixas vão de encontro à considerável produção do seu primeiro single 'Red Version'. 


Mas o que  falta na produção visual sobra na nova sonoridade que a banda inaugura com as músicas, deixando para trás a vibe enevoada do primeiro EP. Nas novas faixas, a seriedade presente em quase toda atmosfera do EP anterior foi sobreposta  por uma miragem caleidoscópica de cores e formas várias, que beiram o dream-pop e passam quase de raspão na surf-music que tanto desprezo, mas que eles souberam reaproveitar de uma maneira muito digna.



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