26 de agosto de 2010

A linha tênue entre o artifício e o brega/kitsch




Com Britney na capa da edição Fall/Winter japonesa da POP Magazine, Takeshi Murakami(do qual eu já falei nesse post aqui) faz o styling da cantora bem como a edição das fotos.
Quem já usou o puricute deve ter tido um déjà vu com a capa. Esse site permite editar suas fotos adicionando à elas várias molduras/adesivos/efeitos para deixar a foto mais "fofa". Assim como o site, Murakami usa de tais referências às cabines de fotos japonesas, o que não é surpresa visto que ele é um representante da pop art do país.

O interessante de se notar (tanto na revista, quanto no site) é a aura de coisa over, quase kitsch, que envolve ambos os casos: É tudo muito brilhante, colorido, chamativo, os espaços são todos ocupados e não há possibilidade de "descanso" do olhar. Um bombardeio de fofura, eu diria.

E como mencionar o kitsch sem lembrar do nosso brega, aquela música melosa sobre de dor de cotovelo ou traição que toca em 10 a cada 10 postos de gasolina do interior ou bar decadente; ou aquele bibelô da loja de R$1,00; ou então aquela camisa comprada na banca de promoções.

E o que há de interessante nesse brega/cafona/kitsch você deve estar se perguntando? Na minha opinião, o maior trunfo de qualquer coisa taxada com algum desses nomes é o fato de tais não serem tão sóbrias/sérias, é como se, uma vez taxadas de duvidosas, elas se deligassem de qualquer responsabilidade quanto à sofisticação, elegância ou moderação.
Um exemplo disso são as obras de Jeff Koons:
 

E mais recentemente o clipe todo fofo-glitter-ouro-unicó
rnios da MIA:





E o que são o kitsch e o brega senão o artifício em doses cavalares? O batom é um bom exemplo, se usado de maneira comedida, correta, ele vai aparentar o mais natural possível; diferentemente de quando usado sem tanta destreza e discrição, que é quase como colocar uma placa de "OVER" no pescoço da indivídua.

Leigh Bowery e modelo no desfile F/W de Alexander McQueen
Se a estética do kitsch é tendencia, ou se a formalidade e a elegância estão com os dias contados eu não tenho idéia. Mas uma coisa é certa: o kitsch é bem mais divertido.

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